“Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.”

Semanas atrás uma pessoa amada decidiu morrer depois do impacto de receber um diagnóstico que ela como profissional da área da medicina, sabia ser delicado e de difícil solução. Sabe-se lá porque a questão veio a tona ao abrir os olhos para este dia. Percebo que não foi a partida dramática que se insinuou à atenção e sim um conceito..

A palavra diagnóstico dançou dentro de mim, junto a cenas divertidas e recheadas com as mais doces emoções de situações banais dos últimos dias.

“Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade, não sei.”

Que diagnóstico o médico te deu? O psicólogo, o psiquiatra? O consultor a respeito da sua empresa, ou suas finanças?

Este diagnóstico que uma autoridade de qualquer área dá sobre a sua vida, sobre a minha, foi perdendo o foco e desaparecendo…

Que diagnóstico muitos amigos profissionais me dariam, por estes episódios cada vez mais frequentes de rir sozinha em meio ao supermercado, na via pública, tomando banho, dentro do avião, ou as lágrimas que correm mansas quando o desenho das nuvens pintadas de pôr-de-sol me toca a retina em um voo rápido em algum lugar, ou até mesmo por uma folha seca que baila no ar em seu primeiro e último mergulho ao se desprender da árvore e lentamente ir caindo até repousar na poça d’água, ou pela frase perfeita que por algum motivo, o ouvido pinça na música aleatória que toca em algum lugar?

Diagnóstico é a junção de duas palavras dia e gnóstico.

Dia é este intervalo em que a luz do sol clareia o mundo e com isso permite que vejamos, pois os olhos do corpo necessitam da luz para ver.
Gnóstico por sua vez vem do grego “gnostikos”, que significa conhecedor da natureza divina.

Então talvez valha perguntar: ” Neste período em que o sol tocou sua retina e você pôde olhar as maravilhas e contradições deste mundo, qual conhecimento da natureza divina brotou de seu coração?

E a esta ideia, percebo que tanto as lágrimas quanto o riso, estão a brotar de algo muito “original,” a fonte do tradicional.

E se o riso e a lágrima se unem no mesmo instante, tudo bem… Acontece um leve turvar da visão, até que o elemento líquido seja capaz de se avolumar a ponto de precipitar, pela face, roupas, chão…

Neste mundo que parece tão doente devido aos comportamentos e projeções humanas e com uma onda reacionária que cultua o “tradicional”, seria de fato interessante, sair desta visão de mundo do “diagnóstico” comum, que foca no patológico e rotula, condena, define e sermos bem tradicionais, voltando a dar atenção ao conhecedor que percebe à luz do dia a natureza divina manifesta em toda parte.

O diagnóstico de agora? Silêncio.
Escuta a música… Talvez ela diga o que se faz indizível.

“Metade de mim é amor, E a outra metade também.”

  • Os trechos entre aspas (música – Metade de Oswaldo Montenegro)

Por Dev Swaran

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