O “prazer” em relacionar, comer, sexual, por leitura, esportes, por uma prática espiritual, em viajar para muitos lugares, em estar sempre triste (sim há os que se comprazem nisso)… Enfim, muitas coisas em nossas vidas giram em torno da busca da satisfação e não há a priori mal algum nisso. O problema surge quando não suportamos lidar com os transtornos da vida,  queremos prolongar o prazer como forma de compensação emocional, ou vivemos apenas em função de uma motivação que vise o prazer. Quando fazemos isso, “tudo pode virar droga”. E é uma tolice acreditar igualmente que o crescimento e  a auto-realização aconteçam sem esforços, sacrifícios, renúncia e frustrações.

“A compensação emocional é seu maior inimigo. Quando vocês começam a compensar emocionalmente, sua inteligência, seu crescimento, sua amplitude, sua elevação, sua altitude, tudo vai embora. É como viver bêbado. – Yogi Bhajan

Os comportamentos que sustentam os vícios e compensações, são movidos por forças subconscientes que criam um automatismo e roubam de cada um a realidade e a consciência de si mesmos,  da realidade, e isso atrai para o convívio  de quem se perde nestas repetições, pessoas e situações na mesma frequência, que na verdade nem percebem a nossa existência e singularidade, pois convivem com a nossa compensação, nosso vício ou hábito. Estão ao nosso lado por compartilharem da mesma loucura.
Quando entramos no ciclo de qualquer vício estamos mergulhando numa destrutiva solidão, onde o ego se torna um tirano que se eleva enquanto o “espírito” está sendo rebaixado. Não conseguimos mais escutar a nossa voz interior muito menos o outro. Precisamos “de” a qualquer custo.

E os Ciclos viciosos e de compensação emocional trazem ainda o elemento opressor da exploração. Quando a consciência fica anestesiada por qualquer vício, seja ela qual for, alguém possivelmente explorará Você e em seguida fará surgir algo tão nefasto quanto o próprio vício. A Vítima ou o consumidor insaciável daquilo que esteja definido como uma possibilidade de bem-estar surge e passa a dominar nossa realidade. Segundo a tradição do Kundalini Yoga, entende-se que podemos ser explorados de oito maneiras: Sexualmente, sensualmente, fisicamente, pessoalmente, mentalmente, monetariamente, socialmente e psiquicamente. Os viciados, compulsivos e que estão em compensação, criam um nicho de mercado e todos querem Você.
Vejo as postagens com muitos likes na internet. “Faça ele correr atrás de Você”, “Seque a barriga com estes “x” segredos revelados, “abra agora o seu negócio com as dicas que vamos dar, e realize seus sonhos; “Faça isto e tenha uma família harmônica”,  “Faca o processo X e em 10 sessões terá as respostas de sua vida”… Não importa que as promessas sejam verdadeiras ou não, mas é esta busca pelo mágico, maravilhoso que alimenta a grande oferta de soluções para conquistar o prazer e nos aprisiona ainda mais nos infernos em que vivemos.
A animação que ilustrei este texto me faz pensar ainda em outro elemento. A curiosidade que surge no caminho. Há coisas que acabamos por experimentar, pois elas simplesmente estão lá, surgiram como que do nada, talvez sejam presentes do destino, o que custa experimentar apenas uma vez?  (um empréstimo, um ato indigno, uma traição, um alucinógeno, um desvio da rota,…) São tantas distrações e ofertas no caminho…
Tenho entendido como aluna da vida (e é como aluna que escrevo), que há um “prazer” que os orientais relacionam ao dharma, que também podemos experimentar quando vencemos alguns obstáculos, resistimos a algumas “tentações” que aparecem em nossa trajetória e realizamos com consciência os nossos compromissos, tais “manás” que aparentemente caem dos céus, como aconteciam com os hebreus quando vagavam pelo deserto, surgem no entanto muitas vezes quando de fato nos colocamos num caminho que tenha um propósito superior e quando topamos atravessar nossos desertos.
O que escrevo aqui, são apenas algumas ideias… No dejejum de cada dia, alimento o corpo, mas também a mente e emoções com elementos que possam me sustentar integralmente os meus passos no caminho, administrar as surpresas e por vezes escrevo e partilho.
Estejamos atentos a cada passo,  e procuremos seguir livres de vícios, afinal…
“Toda forma de vício é ruim, não importa que seja droga, álcool ou idealismo”. Carl Gustav Jung
Dev Swaran (Joelma Silva)
18/03/2016