Liberdade.
Já resignifiquei várias vezes esta palavra…
Na maioria das vezes, um novo conceito disfarçava a percepção de que a gaiola ainda estava ao redor e permanecia presa, me sentindo livre.
Liberdade é ser.

Mas quem é você, quem sou eu?
Qualquer resposta que ousemos dar repetirá um dos papéis que encenamos na vida, uma das roupas que vestimos e não apontará para quem realmente somos.
Escutar esta pergunta: “Quem é você? – Na vibração da voz e na potência do olhar de alguém verdadeiramente livre, é uma experiência que vale uma vida. Ela de imediato te faz ver as grades e o mais incrível… Que a porta sempre esteve aberta.

Uns acreditam que liberdade é fazer o que bem deseja…
Será?
Os desejos nascem de onde? O que representam?
Se os desejos quase sempre aumentam nossas prisões, como posso supor que viver na dimensão dos desejos é liberdade?
E aquilo que desejamos realmente nos importa, ou estamos repetindo os desejos que nos são impostos pelo mundo e nem nos damos conta disso? Sim, desejos impostores.

A cada dia novas grades são colocadas ao nosso redor: Crenças, percepções equivocadas, por estarem fixadas no passado que não mais existe ou em nossas projeções no futuro.
A gaiola pode estar maior, tão grande que você por vezes tem a impressão que está livre, assim como um animal selvagem que foi retirado de uma pequena jaulinha onde cresceu e colocado em um espaço maior onde possa correr um pouco e tenha alguma árvore para deitar à sombra e um lago de concreto para compor a paisagem. A cerca, o muro, o limite ainda estão lá.

Estar presente no agora e rastrear cada instante é a possibilidade de a cada dia sustentar a liberdade.
Não aprendemos isso.
O mundo se organiza de tal forma, que cultuamos e cultivamos inúmeras prisões. O emprego, a família, relações estáveis… Os “meus” que tentamos conservar a todo custo.

Estar presente, perceber o agora, é a possibilidade de mais uma vez escapar dos novos limites ilusórios que nos prendem e são recriados a cada instante.

A chuva fresca cai lá fora agora. Lá fora? Existe lá fora, ou simplesmente acontece agora? A gata lambe o pelo. O corpo pede cama… o barulinho da chuva atrai AGORA mais do que a noção estética de como terminar o texto.

Francisco de Assis aparece dentro, não sei bem onde. Rapidamente os dedos clicam no google e eis que surge uma fala deste liberto com seu discípulo.
Deixo vocês com Francisco. Mas não se contentem com ele. Há sempre algum Francisco caminhando pelo mundo. Encontre-o! Distante de “Franciscos,” é bem provável que irás interpretar às avessas o que o sempre novo Francisco de Assis, disse ou “fez.” … Não conseguirás alcançar a fala de nenhum daqueles que livres, te convidam para escapar AGORA.

“Certa vez, Frei Simão perguntou a Francisco o que significava ter liberdade de espírito. E o Santo de Assis respondeu-lhe:
– Caríssimo: se ao andar pelo mundo conseguires ver as formigas que carregam pesados fardos e não pisares nelas, tens liberdade de espírito. Se ao contemplar os bosques junto aos caminhos notares todos os matizes do verde, e até o azul do céu, então tens liberdade de espírito. Se no meio do vozerio humano prestares atenção ao gorjeio da cotovia, escutares o canto da cigarra e o cricri do grilo, então tens liberdade de espírito. Se, por fim, na porta do convento, avistares um pobre tão humilde e tímido que sequer abre a boca para pedir pão e se ainda assim escutas seu pedido gritando de olhos suplicantes, então sim, Frei Simão, tens verdadeiramente a liberdade de espírito.

Nada vê do que enxerga no caminho, nada descortina do que os olhos percebem no bosque, nada entende do que os ouvidos escutam no ar, nem lê o que os olhos do pobre dizem, quem tem o espírito ocupado e preocupado consigo mesmo e como um caramujo se volta sobre o seu próprio eu. Só é livre de espírito quem é livre de si mesmo.”

Se já sou livre?
Não sei… Agora neste instante… Ninguém aqui pra responder.

Aviso importante: Francisco de Assis em seu tempo não era aceito pelas estruturas religiosas. Não procure “Franciscos” engaiolados em religiões. Lembre-se: Eles são livres e prestes a serem “crucificados” mais uma vez.

Dev Swaran – 19/11/2017

 (Psicóloga (Joelma Silva) – Atende em psicoterapia individual presencial em Belo Horizonte.  Realiza também mentoria online para questões de relacionamento, sexualidade, autoestima, resolução de conflitos, tecnologias para lidar com ansiedade, depressão e estresse, e outros temas existenciais como parte do projeto “Helper”. 
Com larga experiência, graças a sua vasta formação incluindo 9 especializações internacionais, tornou-se referência estratégias para saúde, bem estar e empoderamento feminino, solução de conflitos através de Constelações familiares, liderança; realiza grupos de desenvolvimento e treinamentos de alto impacto e palestras no Brasil e exterior. Seu treinamento mais conhecido é Ísis – A Mulher que Brilha).